Viola Caipira: Prosas e Caminhos de Aprendizagem na Caravana Agroecológica do Sudeste

Você já pensou no quanto a viola caipira influencia na agroecologia? O ativista Átila Silva articula estes e outros elementos em sua pesquisa que pretende construir conhecimento colaborativo nas rodas de conversa sobre cultura, identidade caipira, agroecologia e coletividade.

Ele abordará as maneiras criativas que a Caravana Agroecológica e Cultural organizada pelo Projeto Comboio Agroecológico do Sudeste encontrou para fortalecer a rede agroecológica de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo.

Por Átila Silva
aluno do Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural (PPGADR) do Centro de Ciências Agrárias da UFSCar em Araras/SP

INTRODUÇÃO

A combinação do saber popular com o conhecimento científico é um diálogo complexo, provoca e incita, muitos pesquisadores a optar por não explorar esse debate de forma conjunta, em alguns casos, por não encontrarem instituições financiadoras ou mesmo apoio acadêmico. Por isto, desde já, esta trabalho se porta como uma ferramenta de resistência.

A ciência acadêmica não representa a única fonte de conhecimento válido, os conhecimentos tradicionais e os saberes cotidianos devem ser considerados como formas de conhecimentos. A agroecologia busca considerá-los em sua ciência e para isto se faz necessário promover a dialética, em outras palavras, a articulação entre o conhecimento científico com outros saberes populares produzidos ao longo do tempo. Isso não é uma tarefa fácil, se considerar a formação dos pesquisadores, a cultura e a estrutura das instituições, no entanto, necessárias para uma agricultura sustentável.

A agricultura sustentável considera e respeita o meio ambiente, do ponto de vista social, econômico e cultural e garantir a gerações futuras a capacidade de suprir suas necessidades para uma boa qualidade de vida no planeta. De acordo com Brasil (2008):

É cada vez mais clara a necessidade da participação popular em processos que visem inverter a lógica do desenvolvimento atrelado à degradação socioambiental, a insegurança alimentar e nutricional. Refletir sobre tais aspectos é essencial para questionarmos as escolhas feitas e compreendermos que é possível trilhar outros caminhos, calcados pela solidariedade, pela universalização da qualidade de vida, pela valorização do ambiente, e do ser humano, como sujeito protagonista na construção de outra sociedade.

Este relato anunciará como objetivo a articulação dos saberes científicos e populares, através da experiência da viola caipira na caravana agroecológica do sudeste, tratando-a como elemento importante na formação e práticas agroecológicas do estado de São Paulo. A matriz de sistematização utilizada foi a de Temas gerais: Processos educativos dos núcleo e como tema transversal Cultura, ambas proposta pela ABA-Agroecologia, como uma importante ferramenta de reflexão e organização de conteúdos.

A Caravana Agroecológica e Cultural rumo ao Vale do Ribeira é uma realização da Rede de Núcleos de Agroecologia da Região Sudeste (R-NEA) e da Articulação Paulista de Agroecologia (rede APA), que por meio do Projeto Comboio Agroecológico Sudeste – apoiado pela Chamada Pública do Edital 81/2013 – conta com recursos do CNPq e de vários Ministérios, entre eles, o extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), até então, um dos principais parceiros da agroecologia no governo federal.

Pesquisar agroecologia sob a perspectiva dos violeiros e da cultura caipira dentro do comboio agroecológico, é observar as questões éticas e culturais que a agroecologia abrange e pouco explorada dentro da academia. O relato contribui com frentes de pesquisas diretamente voltadas para a educação ambiental e agroecológica e indiretamente colabora na formação de uma sociedade sustentável. Essa, visa assegurar ao camponês, o acesso a terra, as suas possibilidades tecnológicas, seus valores culturais e éticos. De acordo com Diegues (1992):

O conceito de “sociedade sustentáveis” na medida que possibilita a cada uma delas definir seus padrões de produção de consumo, bem como o de bem-estar a partir de sua cultura, de seu desenvolvimento histórico e de seu ambiente natural. Além disso, deixa-se de lado o padrão das sociedades industrializadas, enfatizando-se a possibilidade da existência de uma diversidade de sociedades sustentáveis, desde que pautadas pelo princípios básicos da sustentabilidade ecológica, econômica, social e politica.

Conforme Diegues (1992), o surgimento das sociedades sustentáveis considera a cultura e o desenvolvimento histórico local como elementos imprescindíveis a sua formação, o mesmo se faz na cultura agroecológica, desta forma, legitima-se a importância dos estudos acadêmicos relacionados a esse tema.

Este relato trará reflexões da cultura caipira atada na viola e os colocam em diálogo com a agroecologia, o que faz dele um grande desafio. Para compreender esta dialética, propõe-se entender a identidade caipira sob uma analise geográfica cultural, do que uma definição exata da cultura caipira e que de acordo com Darcy Rybeiro (1995):

É um novo modo de vida que se difunde paulatinamente a partir das antigas área de mineração e dos núcleos ancilares de produção artesanal e de mantimentos que a supriam de manufaturas, de animais de serviço e outros bens. Acaba por esparramar-se, falando a língua portuguesa, perto da área florestal e campo naturais do Centro-Sul do país, desde São Paulo, Espírito Santo e estado do Rio de Janeiro, na costa, até Minas Gerais e Mato Grosso, estendendo-se ainda sobre áreas vizinhas do Paraná. Desse modo, a antiga área de correrias dos paulistas velhos na preia de índios e na busca de ouro se transforma numa vasta região de cultura caipira, ocupada por uma população extremamente dispersa e desarticulada. Em essência, exaurido o surto minerador e rompida a trama mercantil que ele dinamizava, a paulistânia se ”feudaliza”, abandonada ao desleixo da existência caipira. (RIBEIRO, 1995)

Darcy Ribeiro escreve sobre o território de formação da identidade caipira e sobre a sua cultura, da qual, vem perdendo espaço na sociedade por ser hostilizada, como uma cultura do “atrasado”, isto porque abandonaram o olhar para os valores que à acompanham, principalmente os ligados a natureza e ao cotidiano do camponês.

A importância de pesquisar a agroecologia sob o olhar da cultura caipira, esta diretamente ligada ao estudo dos violeiros, tocadores de viola, que em grande maioria são agricultores e faz da ocupação territorial práticas de subsistência. Essas atividades carregam sentimentos e histórias de uma cultura camponesa, que dentro da agroecológica contribui com os valores humanizados e enraizados com o meio ambiente.

Muitos dos grupos de estudos envolvidos com a agroecologia, buscam a interação com a comunidade camponesa de forma participativa e o fato de conseguir realizar poucas vezes este envolvimento participativo, trouxe a esta ideia inicial de pesquisa. Observado que a musica caipira e a viola são aspectos que uni ambos universos, o do camponês e do universitário, e desta maneira, contribui para identificar pontos comuns de se pensar e construir juntos mudanças e ações agroecológicas, faz com que tomemos este caminho de estudar a agroecologia, o camponês, a viola e o violeiro.

Como discorre Ivan Vilela, em “Na toada da viola” revista USP, há um aumento pela procura do instrumento da viola caipira e as diversas formas de aprendizagem que ela permite, na qual legitima ainda mais a sua importância em estudos acadêmicos.

“Hoje a viola vive um processo de plena revitalização em que é comum vermos jovens de todas as idades tocando o instrumento. No estado de São Paulo há uma disseminação de orquestras de violas que reúnem pessoas de diversos segmentos sociais, níveis de escolaridade distintos e faixa etária ampla(…). Agora a viola faz parte do currículo acadêmico da USP, na Faculdade de Música de Ribeirão Preto, onde foi aberto o primeiro bacharelado do instrumento no mundo. É a viola e toda a cultura popular que acerca sendo acolhidas pela porta da frente no mundo acadêmico.” (VILELA, 2005).

A agroecologia resgata formas de pensar e fazer a agricultura, a economia, a cultura, a alimentação e outros; E como nos disse Ivan Vilela, a viola também encoraja jovens, camponeses ou não, a pensar formas de colocá-la como objetivo de estudo dentro da academia e trazer, inquietudes para dialogar, estudar e sistematizar as diversas formas de conhecimento.

Durante os dias 17 a 21 de maio de 2016, o estado de São Paulo recebeu a IV Caravana Agroecológica e Cultural do Sudeste. Ao todo, foram mais de 200 participantes que, divididos por cinco diferentes rotas, visitaram experiências de resistência em comunidades camponesas, quilombolas, ribeirinhas e urbanas tendo como objetivo a articulação das experiências da região Sudeste em torno da pesquisa, ensino e extensão em agroecologia. A aposta das Caravanas transcende o intercâmbio de experiências e a interação entre os participantes.

As Caravanas são metodologias pedagógicas que desafiam as universidades, a sociedade civil e os movimentos sociais à refletirem sobre as suas práticas de mobilização e diálogo com a sociedade. Por meio de rodas de conversa, do contato direto com experiências de resistência e de outras ferramentas inspiradas nas metodologias da Educação Popular, as Caravanas constroem leituras críticas sobre os territórios por onde passam e apontam novas formas de pensar a pesquisa, o ensino e a extensão em agroecologia.(COMBOIO, 2014)

A experiência relatada ocorre na Caravana Agroecológica e Cultural, com a temática Juventude e Gênero, que parte de Botucatu rumo ao Vale do Ribeira, tendo a sua primeira roda de conversa no Assentamento Horto Bela Vista, em Iperó/SP. Uma “prosa” iniciada junto a viola caipira com um violeiro, no caso, tocador de violão, seu Willian, nos relatou sobre o entusiasmo dos co-produtores (como são chamados aqueles que “sustentam” o produtor) quando consomem variedade de plantas que não conheciam.

Os co-produtores ficam entusiasmados com a variedade de alimentos que antes não conheciam. Como por exemplo, a ora-pro-nóbis, que ‘tem 80 % de proteína assimilável diretamente pelo organismo humano’, o amaranto e o caruru, que são mais conhecidas como PANCS – Plantas alimentícias não convencionais.(Seu William, Agricultor; 2016)

A importância da viola neste inicio, foi como um instrumento de acolhimento para estimular o diálogo entre o pesquisador e o agricultor, notou-se um entusiasmo de ambos na construção de um saber que parte além da apropriação de dados e inicia laços para a criação de um saber emancipatório.

A segunda roda de conversa aconteceu no Assentamento Carlos Lamarca, em Sarapuí – SP, recebido pela família Silva e acolhido pelo jovem Daniel, “tocador” de violão e agricultor agroecológico residente dentro de um assentamento, que conta com 914 hectares e possui 200 pessoas assentadas, sendo grande parte da área pertencente à área de preservação permanente. O mesmo a partir de uma roda de viola realizada em um fim de tarde afirmou que, lá é organizado pelos agricultores praticante de agrofloresta, uma folia de reis, festa católica ligada à comemoração do Natal, comemorada no Brasil desde o século XIX.

“Nós tentamos manter a cultura popular junto com o movimento, realizamos todo fim de ano a Folia de Reis, eu, minha família e amigos passamos de casa em casa cantando as musicas de folia e comendo na maioria das vezes “oferenda” vindo de canteiro agroecológico.”( Daniel, Agricultor, 2016)

O espaço educador construído nesta roda de viola junto ao diálogo por meio das musicas das folias de reis, tocadas na viola e violão, nos permitiu acessar detalhes culturais realizados no assentamento, que poderiam ser dificilmente acessados caso visitássemos somente uma produção agroecológica e faz portanto desda roda um processo de aprendizagem cultural, fundamental para a existência da agroecologia no lugar.

O estudo encontrou em sua pesquisa alguns desafios, como trazer para o debate agroecológico um instrumento de uma cultura que se estabilizou na tradição oral, e que ao longo do tempo foi transformado conforme a a sua ocupação territorial e extrapolou a região que se denominou caipira. Este desafio foi vencido ao elaborar metodologias que incentivou constantemente os pesquisadores e camponeses(as) a participarem de diálogos e rodas de conversas que incitaram a viola caipira e a agroecologia como temas principais. As rodas de conversas contribuiu nas relações de ensino e aprendizagem, tornando-as mais divertidas e emancipatórias. Paulo Freire (1995), nos fala em sua Pedagogia da autonomia da “boniteza de ser gente”, da boniteza de ser professor: “ensinar e aprender não podem dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”. Ele chama a atenção para a essencialidade do componente estético da formação do educador, necessárias também na transição agroecológica e encontradas no envolvimento do pesquisador com o camponês(as) e suas culturas.

O universo de pesquisa sobre a viola caipira é extenso e vem sendo tratado no contexto de muitas universidades, como a USP – Universidade de São Paulo – que a inseriu dentro de seu currículo acadêmico e também citados por outros educadores como Carlos Rodrigues Brandão, que em seu artigo “Os Caipiras de São Paulo” nos diz sobre a importância de se resgatar a imagem positiva do caipira.

“Saltando do verbete de alguns dicionários às impressões de viagem de Saint-Hilaire, sugiro que uma trajetória de desvendamento da condição, da identidade e do modo de vida do caipira seja feita com leituras que vão de Monteiro Lobato a Cornélio Pires. A Maria Isaura Pereira de Queiroz, José de Souza Martins e Maria Sylvia de Carvalho, por exemplo. Trata-se primeiro de corrigir uma imagem e, depois, de explicar que condições geraram uma gente assim.”(BRANDÃO,1983)

Já Corrêa (2010), em seu Livro a “Arte de Pontear a viola”, nos mostra que muitos dos aprendizados não são só técnicos musicais, mas outros, que se da com a vivência com o instrumento e violeiros, estes muitas vezes camponeses.

“Quando me interessei por viola, seduzido pelo universo do instrumento, fui em busca do conhecimento que os violeiros antigos ainda detinham. Esta vivência formou-me como músico, muito além de conceitos e técnicas. Conheci outra dimensão do fazer musical: prática diferente na concepção, na função, na execução e no uso. Pude Aprender sobre a lida do homem com o instrumento; a ancestralidade transmitida pelos toques; a força da tradição nos versos, os jeitos de entoar a voz, as clarezas e as sombras da alma do violeiro; e principalmente, sobre os diferentes jeitos de o violeiro lidar com a sua sina.” (CORRÊA, 2002).

Cada vez mais a viola é estudada e inserida no meio acadêmico e ocupa espaços de ensino-aprendizagem muito além das técnicas instrumentais, conforme nos diz Dias (2010).

“Como o movimento cultural em torno da viola cresceu muito rapidamente nas últimas décadas, observa-se a quantidade de cursos de viola caipira e encontros de violeiros, a necessidade de se compreender a técnica do instrumento se tornou inevitável. A escolarização, que é parte do contexto de mudanças, torna o espaço escolar um lugar fundamental para se pensar as práticas e representações da viola caipira na modernidade. Não basta dizer que o instrumento está sendo ensinado na escola, o que em si representa um enorme salto na educação dos instrumentos da cultura popular brasileira; antes, é preciso pensar nas peculiaridades do ensino desse instrumento, assim como na formação dos alunos egressos, alunos que podem vir a atuar no âmbito da educação que, sem dúvida, é um nicho em pleno crescimento.” (DIAS 2010).

Pensar elementos de influencia da viola dentro da agroecologia, é legitimar e “firmar” valores que hoje são poucos estudados e praticados, e de grande relevância para a transição agroecológica, essa nos fornecerá uma agricultura sustentável, como nos diz Miguel Altieri.

“A Agroecologia fornece as bases científicas, metodológicas e técnicas para uma nova revolução agrária não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Os sistemas de produção fundados em princípios agroecológicos são biodiversos, resilientes, eficientes do ponto de vista energético, socialmente justo e constituem os pilares de uma estratégia alimentar.” (ALTIERI, 2012)

A Agroecologia é uma ciência do diálogo, possui princípios e oferece um caminho mais racional e sustentável para a produção de alimentos limpos de venenos. Como nos diz Machado na “A dialética da agroecologia”.

“ A palavra agroecologia tem sido usada como panaceia, para a solução dos problemas da produção agropecuária, sem que, entretanto, seja dito como fazê-lo.

Por assim dizer, é uma palavra que esta na moda. E, exatamente por isso, há diversas interpretações e definições, a maioria das quais não passa de mero exercícios epistemológicos. Eis porque, entendemos ser necessário formatar um conceito que ofereça aos produtores, profissionais, pesquisadores e professores elementos para confrontar o agronegócio partindo, preliminarmente, da escala. Ou seja, se a tecnologia proposta não der conta de atender ao objetivo maior – fornecer alimentos limpos para 6,9 bilhões de seres humanos – então está fora daquilo que entendemos por agroecologia.” (MACHADO, 2014)

A ideia agroecológica dita por Machado, coloca a importância de pesquisar esta ciência, primeiro para combater a fome no mundo e segundo para demonstrar que é possível outro modelo de agricultura sustentável, que considera além de técnicas agrárias biodiversas, mas também princípios pautados na cultura local, estes encontrado no estado de São Paulo, em partes na cultura caipira atrelada ao instrumento da viola caipira.

OBJETIVOS

Esta pesquisa procurou identificar na cultura da viola caipira elementos que possam reforçar as práticas agroecológicas e utilizou como estudo de campo o projeto Caravana Agroecológica e Cultural rumo ao Vale do Ribeira.

Seus objetivos específicos foram:

  • Pesquisar elementos da cultura caipira e da viola caipira que proporcionem aprendizados de valores e práticas agroecológicas.
  • Levantar a literatura agroecológica que subsidiou a analise da utilização da viola caipira como elemento educador.
  • Aprofundar o diálogo sobre possíveis convergências entre a agroecologia e viola caipira.
  • Levantar experiências de assentamentos rurais ligadas a viola caipira e agroecologia Levantar as potencialidades da viola caipira na construção de uma cultura agroecológica.

 

MATERIAL E MÉTODOS / PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para pesquisar os aspectos culturais e educacionais que a viola caipira contribui na cultura agroecológica na Caravana Agroecológica e Cultural rumo ao Vale do Ribeira, este trabalho foi conduzido em três etapas principais:

A Etapa de Estudos Teóricos (Revisão bibliográfica).

Esta etapa realizou uma revisão bibliográfica sob a Viola Caipira, a agroecologia e metodologias que utilizam a viola caipira em processos agroecológicos.

 

A Etapa do Estudo de Caso.

Consistiu em dialogar com os participantes da Caravana que atuam ou atuaram com agroecologia. Para isto, foi elaborado um questionário, na qual, as perguntas forão classificadas em perguntas abertas.

As perguntas abertas permiti a liberdade das respostas, o entrevistado pode usar a sua linguagem própria, sem a influência de respostas preestabelecida pelo pesquisador, o informante disse aquilo que veio à sua mente.

Não se optou por perguntas fechadas, com alternativas específicas, pois estas proporcionariam dados dicotômicos, a exemplo de: sim ou não; favorável ou contrário, que para esta pesquisa não teria muito a contribuir, pois a mesma não provocaria o debate.

A construção do questionário levou em conta trabalhos anteriores (TONSO; LUZ (2012) TONSO; SILVA (2013)), voltados ao desenvolvimento de abordagem teórica e metodológica para a avaliação de projetos, programas e aprendizagem. A proposta teórico-metodológica existentes nesses estudos partem dos desdobramentos de pesquisas que buscam construir indicadores e parâmetros de uma Educação Ambiental Crítica e neste sentido, contribuiu com a pesquisa.

 

FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os dados levantados foram sistematizados através de textos, para melhor organizá-los. As pesquisas levantadas pelos questionários, contabilizou respostas que permitiram criarmos análises dinâmicas. As analises dinâmicas possibilitaram a comparação entre dados e encontrar novas informações relacionadas a outros pesquisadores do campo da viola caipira e agroecologia. Desta forma, pode-se cruzar dados como o de gênero, de faixa etária, de faixa de renda com outras questões envolvidas na agroecologia e na cultura caipira.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto colaborou no enriquecimento dos temas, agroecologia e viola caipira, não obstante contribuiu na construção de um estudo capaz de auxiliar no desenvolvimento conceitual sobre os temas agroecologia e viola caipira, ao mesmo tempo, incentivou dentro dos participantes processos para caminhar valorizando o aspecto cultural dentro da agroecológica, fomentou um olhar pautado em valores que a viola carrega adstrito a cultura caipira. Proporcionou o surgimento de elementos que impulsionou a ciência agroecológica, nos lugares onde aconteceram as rodas de conversas e cantorias e contribuiu para sustentar e firmar ainda mais a cultura agroecológica como seu ideal de vida.

 

CONCLUSÃO

Como se pôde constatar pela experiência, a viola e a agroecologia em questão – que se ocupam com o tema do desafio – trouxe na caravana do sudeste o olhar para os principais elementos da cultura regional como: festa do divino, festejos da páscoa e dos santos padroeiros, congada, peão de boiadeiro, dança de velhos, batuque, samba de lenço e folia de reis. E obsevamos que estes espaços possuem potencialidades de seren ambientes de aprendizagem agroecológicas. Muitos destes espaços encontra-se a viola caipira como um elemento animador e místico.

Por fim, cumpre salientar a importância de fomentar formas de valorização cultural desses agricultores agroecológicos dentro dos processos agroecológicos (juntamente com os diversos atores a eles vinculados) e firnar que a agroecologia não se faz só com conhecimentos técnicos agricolas e sim com manifestações culturais.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTIERI, M; Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. Guaíba:Agropecuária, 2012.

BRANDÃO, C. R; Os Caipiras de São Paulo. São Paulo: Brasiliense, 1983.CORRÊA, R; Arte de pontear viola. 2. ed. Brasília: Acompanha CD. 2002. 45p.

DIAS, S. S. Alves; O processo de escolarização da viola caipira: novos violeiros (in)ventano modas e identidades. São Paulo, 2010.

DIEGUES, A. C. S; Desenvolvimento sustentável ou sociedades sustentáveis: das críticas dos modelos aos novos paradigmas. Revista São Paulo em perspectiva. 6(1-2): 22-29; 1992

FREIRE, P; Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 148 p.

MARTINS, J; Cultura e educação na roça, encontros e desencontros. REVISTA USP, São Paulo, n.64, p. 28-49, dezembro/fevereiro 2004-2005.

MACHADO, L. C. P; A dialética da Agroecologia: Contribuições para um mundo com alimentos sem veneno. 1ºed. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2014,14p.

RIBEIRO, D; O povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 382 p.

TONSO, S.; SILVA, A. R. Contribuições para a Construção de Indicadores de Metodologias Participativas – Trabalho de Conclusão de Curso, Faculdade de Tecnologia Unicamp, Limeira 2013.

VILELA, I. Na toada da viola. REVISTA USP, São Paulo, n.64, p. 76-85, dezembro/fevereiro 2004-2005