Crime e Mar de Lama em Brumadinho respinga na Grande BH
Texto de posicionamento coletivo produzido pelo Projeto Manuelzão sobre o rompimento das barragens de rejeito de minério em Brumadinho, nesta sexta-feira, 25 de janeiro
Nesta sexta-feira (25), Minas Gerais tornou-se palco para mais uma tragédia anunciada: o rompimento de barragens de minério, em Brumadinho. De responsabilidade da Vale, os rejeitos das barragens atingiram a comunidade do Córrego do Feijão, e a lama deve chegar ao Rio Paraopeba, curso d’água onde há captação de água para o abastecimento da Grande Belo Horizonte.
Após as águas passarem por Florestal e Juatuba, dentro de 48 horas, os rejeitos atingirão a represa do Paraopeba, situada no município de Pompéu, e quando a represa chegar ao seu nível máximo, as comportas serão abertas, e a lama pode chegar à Represa de Três Marias.
Destacamos que esta catástrofe é fruto da ganância e da falta de compromisso desses empreendimentos com a segurança de seus trabalhadores, com as comunidades que os rodeiam e, sobretudo, com o meio ambiente.
O que se perde nesses ecossistemas jamais será recuperado inteiramente, e os danos serão sempre cicatrizes ambientais. A lama pode não ser tóxica quimicamente, mas os sedimentos são suficientes para matar os peixes, assorear o leito dos cursos d’água e apaga-los do mapa.
Neste momento, ainda não sabemos ao certo quantas vítimas fez o rompimento. Lamentamos profundamente as três mortes já confirmadas, além do desaparecimento de pelo menos 200 pessoas. Além das vidas que se perdem, no rio e na comunidade, expomos a população mais uma vez ao sofrimento que presenciamos em Mariana, tirando-lhe as casas, a comunidade, parte de suas vidas.
Este já é, pelo menos, o quinto rompimento de grande escala ao longo dos últimos dez anos. Isso sinaliza que não aprendemos nada sobre a segurança ambiental. Significa que fechamos os olhos para a responsabilidade pública logo após o rompimento da barragem em Mariana, há três anos.
O Poder Público tem sua parcela de responsabilidade nessa tragédia, uma vez que tem agido em favor da facilitação de licenciamentos ambientais e deixando para terceiros a tarefa de fiscalizar e acompanhar os processos dos negócios de mineração.
É hora de enfrentarmos a situação com seriedade, repensar os modelos inseguros adotados pelas empresas de mineração e entender que as barragens desse tipo sempre apresentarão riscos e gerarão insegurança para a população e, principalmente para o meio ambiente, que não tem como se defender senão pelas nossas próprias ações.
Mais que indignação, é fundamental a ação. É essencial exigir a punição dos responsáveis, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), e garantir a aprovação imediata do projeto de lei “Mar de lama nunca mais”, projeto de iniciativa popular que exige mais rigor no licenciamento de barragens.
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Assinam esta Nota
- Movimento Águas e Serras de Casa Branca
- Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale
- Instituto Macunaíma
- Casa de Gentil
- MOVSAM
- SOS Serra da Piedade
- MACACA
- ONG Caminho das Águas
- Instituto Congonha
- Sociedade Angrense de Proteção Ecológica – SAPÊ
- Gabinetona – mandato coletivo das deputadas eleitas Áurea Carolina e Andreia de Jesus e das vereadoras de Belo Horizonte Cida Falabella e Bella Gonçalves
- Muitas – PSOL MG
- ECOAVIS
Notas de outras instituições relevantes no tema
Nota da Agência Nacional de Mineração (ANM) ler nota
Notas da Agência Nacional de Águas ANA
Nota à imprensa sobre o rompimento da barragem de rejeitos de mineração em Brumadinho (MG) ver nota
Nota à imprensa sobre o Relatório de Segurança de Barragens veja a nota
Nota à imprensa sobre a velocidade da onda de rejeito ver nota
Nota da ABES clique aqui
Notas ABRHidro link
SOS Brumadinho
Regiões que terão abastecimento prejudicados pela tragédia
Aglomerado Morro das Pedras: Antena/Chácara Leonina
Alto Barroca
Área da Mata do Cercadinho
Bairro das Mansões
Barroca
Betânia
Buritis
Cabana
Cabana Pai Tomás
Calafate
Conjunto Santa Maria
Estoril
Estrela Dalva
Gameleira
Glalijá
Grajaú
Gutierrez
Havai
Imbaúbas
Jardim América
Jardinópolis
Madre Gertrudes (Magnesita) Marajó
Morro das Pedras
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